segunda-feira, 28 de março de 2011

Futebol do Noroeste Fluminense agoniza

Endividados até o pescoço, clubes da região não têm perpectivas de voltar ao futebol profissional

Texto: Matheus Mandy
Fotos: Leandro Nunes

Um verdadeiro celeiro de grandes jogadores do futebol como Té e Píndaro, o futebol do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro passa por um duro momento. Com apenas três equipes com atividades profissionais — quase todas reféns de empresários e afogadas em dívidas —, o futebol dessa rica região está desaparecendo aos poucos. Sem representante na elite desde 1999, o Noroeste do Rio está ficando órfão de times profissionais.

Na Primeira Divisão, o último representante do Noroeste foi o Itaperuna, no distante ano de 1999. Na ocasião, o time acabou indo para a Segundona e se despediu da competição sem grandes resultados. Não venceu nenhum jogo e acumulou goleadas sofridas contra Madureira, Flamengo e Vasco. Após ficar licenciado em 2009, o time voltou a jogar em 2010 e terminou entre os melhores da Segunda Divisão, ficando em sétimo lugar e tendo o atacante Juninho como artilheiro da competição com 21 gols.

Na atual temporada, o clube também passa por problemas nas finanças. O empresário Pedro Beltrão, que custeava as despesas do time, rescindiu o contrato de parceria e abandonou o clube, alegando que os diretores do time não cumpriram parte do acordo.

Itaperuna é tradicional e conta com apoio da torcida, mas está afundado em dívidas
Em termos de acesso, por duas vezes a região bateu na trave nas últimas temporadas. No ano de 2008, o Aperibeense quase alcançou à elite, finalizando a Segundona em terceiro lugar, atrás de Tigres e Bangu, que acabaram promovidos. Na ocasião, a equipe de Aperibé precisava vencer na última rodada o Bangu fora de casa para garantir a promoção, mas perdeu por 2 a 0.

Em 2008 o Aperibeense ficou perto do acesso: terminou a Segundona em terceiro lugar
Na época, o clube passava por sérios problemas financeiros e convivia com constante atraso salarial, algo que não aconteceu em 2007, quando o Aperibeense foi vice-campeão da Terceira Divisão. Os mesmos problemas financeiros quase levaram o Alvinegro da Beira-Linha ao rebaixamento para a Série C em 2009. Com atraso salarial e falta de pagamentos das taxas da Ferj, o time chegou a ser derrotado por W.O. e impedido de jogar algumas partidas, mas após renegociação da dívida, conseguiu o direito de atuar e no campo, se livrou da queda. Mas o futuro é tenebroso, inativo em 2010, o clube só conseguiu disputar a competição este ano por conta da ajuda de empresários na última hora, tanto que perdeu por W.O. na estreia, para o Serra Macaense.

Outro clube que bateu na trave em relação à Série A foi o Floresta, de Cambuci. O Gigante da Beira Rio terminou em sexto lugar, quando cinco equipes conquistaram o direito de ir para a elite. A tão sonhada promoção não veio por um ponto. Na última rodada, o Floresta aplicou 6 a 0 no Independente — antigo nome do Serra Macaense —, mas o Duque de Caxias acabou empatando com o Olaria e ficou com o acesso. O Floresta ainda teve o artilheiro da competição na época, o atacante Pipico, que hoje está no Bangu.

A última participação do Floresta no futebol profissional foi em 2008
A realidade do Verdão de Cambuci é complicada. O time está afastado do futebol profissional há dois anos, o máximo permitido pela Ferj. Tanto que nesta temporada a equipe tentou novamente pedir licença da Série B, mas acabou que não conseguiu o direito de ficar de fora e acabou sendo rebaixado, juntamente com outras equipes que abandonaram o torneio.

Já com relação à Série C do Carioca, dois clubes estão sem jogar a competição desde 2007: Paduano e Italva. O primeiro é de Santo Antônio de Pádua e tem história na Terceirona, já que conquistou o torneio no distante ano de 1987. Já o time italvense sempre disputou competições amadoras pela região. No referido ano, o Paduano foi eliminado logo na primeira fase pelo próprio Italva, graças ao saldo de gols. Já os italvenses caíram na terceira fase, após perder seis pontos no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) e ficar atrás do Paraíba do Sul.

Outra equipe que está no ostracismo é o tradicional Olympico, de Bom Jesus do Itapaboana. A equipe disputou um campeonato profissional organizado pela Ferj pela última vez no ano de 1995, onde não foi bem e acabou sendo eliminado da competição ainda na fase inicial. Desde então, sucumbiu e não jogou de maneira oficial. Assim como o Paduano faz em Pádua, o Olympico representa Bom Jesus do Itabapoana em competições amadoras. Outro clube que não mais joga profissionalmente é o Operário, de Miracema.

O terceiro clube em atividade na região disputa a Série C, mas tem um fato curioso. O São José é sediado em Itaperuna, porém, com a falta de recursos junto ao comércio e o poder público do município, a equipe disputa a competição representando a cidade vizinha de Natividade, tanto que também usa o uniforme do Natividade Atlético Clube. Entretanto, a crise financeira do clube é grande e pode ser que sequer termine a participação na Terceirona deste ano.

Últimas participações 

Série B
Floresta (2008 - 2ª Fase) - 14° de 26
Aperibeense (2009 - Grupo da Morte) - 16° de 20
Itaperuna (2010 - Fase Final) - 8° de 17

Série C
São José (2006 - 1ª Fase) - 26° de 27
Italva (2007 - 3ª Fase) - 5° de 26
Paduano (2007 - 1ª Fase) - 18° de 26

1 comentários:

Baita matéria, uma boa opção para monografia em qualquer faculdade de jornalismo. Parabéns ao Matheus Mandy por mais um ótimo trabalho.

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