segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Papo de Bola: Festa na Flórida e a realidade brasileira


Adilson Dutra traça um interessante paralelo entra a cerimônia de entrega do Oscar e o futebol do Rio de Janeiro

O domingo, nos Estados Unidos, foi um dia cheio. As celebridades desfilaram nos tapetes vermelhos de Hollywood e nos luxuosos sofás, que formam as arquibancadas, da Arena de Orlando, também na Flórida. Por aqui nós, mortais brasileiros, assistimos tudo pela telinha da tevê e ficamos de boca aberta observando o luxo, a organização e a segurança dos torcedores ou dos artistas das telonas.

Era a festa de entrega do Oscar, maior premiação do cinema mundial, e a confraternização dos astros da NBA, maior liga de basquete profissional do planeta. 

Domingo, no Brasil, foi um dia cheio para os clubes de futebol do país, que um dia se portou no primeiro lugar do ranking de qualidade, mas jamais primou pela qualidade da organização ou de realização de grandes eventos esportivos ou culturais. Clássicos em vários estados e decisões em alguns. 

No Rio a decisão da Taça Guanabara, no Engenhão, na capital cultural do país, foi uma lástima fora das quatro linhas. O torcedor sofreu com calor, violência, ingressos caros e difíceis de serem comprados.

Se lá na Flórida o Oscar e a NBA tomavam conta do público e espalhava imagens, via tevê, para todo o mundo, aqui no Rio de Janeiro poucos privilegiados, cerca de trinta e cinco mil torcedores, se apertavam para ver Fluminense e Vasco se exibirem de forma maviosa em jogo considerado o melhor do ano em território nacional.

“O Artista” filme em preto e branco e mudo ganhou o Oscar 2012 e nós aqui, no país do futebol, ficamos torcendo por Carlinhos Brow e Sérgio Mendes com a canção Rio, do filme do mesmo nome. Como todos brasileiros, que chegam na cerimônia do Oscar Americano, saiu de lá com as mãos vazias e o coração cheio de frustração.

Assim ficou o torcedor do Vasco, na tarde de domingo, no Engenhão. Foram para o estádio certos de que levariam o Oscar, opps, o troféu da Taça Guanabara. Sua torcida era maioria e o adversário só chegou as finais graças a um arranjo do próprio time da Colina, que venceu o Boavista na última rodada e desqualificou o time de Saquarema das semifinais. Castigo? Não vejo assim, vejo como profissionalismo sério em um país onde o “jeitinho” é sempre elogiado.

Em Hollywood o velho Christopher Plummer, 82 anos, ganha a estatueta de melhor ator coadjuvante, aqui no Engenhão, na tarde ensolarada de domingo, o velho Deco, 37 anos, foi o melhor ator e o velho Juninho, 38 anos, foi o melhor coadjuvante de um bom espetáculo de futebol. 

O luso/brasileiro ditou normas e fez o seu Fluminense jogar como nunca havia jogado nesta temporada e contribuiu para que Fred vencesse o duelo com o ‘mito” vascaíno, Dedé. Então, amigos e seguidores, a idade e a velha geração não estão descartados da modernidade, o filme ganhador do Oscar é mudo e em preto e branco, como nos anos vinte, e os destaques do jogo do Rio jogam um futebol estilo anos setenta. Tá bom assim?

Mas o que me deixou com água na boca, como eu disse em um tópico acima, foi a festa da NBA no final de semana. Na sexta-feira jogo entre veteranos, que são idolatrados e inesquecíveis por lá, com a presença de celebridades nacionais e jovens talentos. 

No sábado a festa que o americano, amante do basquetebol é alucinado, os artistas da divisão principal se fartaram de dar alegrias a quem pagou caro para ver o show com suas enterradas espetaculares e tiros da zona de três pontos. 

E por falar em sábado e tirar logo a água da boca, Goytacaz, Rio Branco e São João da Barra jogaram pela Série B do Rio, na Baixada Fluminense, sob um sol de 60 graus e com um calor infernal que beirava, segundo os companheiros que por lá estiveram, a 40 graus na sombra.

Nas arquibancadas sujas, esburacadas e inseguras, cerca de trinta pagantes em cada um destes jogos e dentro de campo apenas trinta minutos de razoável futebol, após este período os times se arrastaram e quem não viajou cerca de 300 km levou vantagem e venceu a partida, no caso o América, o Tigres e o Audax. 

E dizem que aqui se faz futebol profissional. Depois do que vi no final de semana dos americanos nossa cartilha de aprendizado ainda não foi escrita. Vergonha.

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