sexta-feira, 30 de março de 2012

Ídolo do passado ganha biografia na telona

Cinebiografia de Heleno de Freitas estreia nessa sexta-feira (30) em todo o país


Estreia na noite desta sexta-feira (30) no grande circuito um dos mais aguardados filmes de futebol do ano. Heleno – O príncipe maldito conta a história do maior ídolo do Botafogo pré-Garrincha: Heleno de Freitas (1920 – 1959). No papel principal, Rodrigo Santoro interpreta um jogador a frente de seu tempo. Temperamental, vaidoso, craque e bad boy são apenas alguns dos adjetivos que podem ser usados para descrever esse gênio nascido na pequena São João Nepomuceno/MG dos anos vinte.

Foto: Divulgação


O fim da carreira, no America, não foi esquecido pela produção
Heleno de Freitas foi o primeiro da linhagem de jogadores-problema que surgiriam depois no futebol brasileiro. Faria Adriano, Carlos Alberto, Edmundo e Valdiram parecerem crianças tímidas crianças peraltas. Nascido em uma família rica, Heleno veio ao Rio para estudar. Cursou o ensino médio no Colégio São Bento, um dos mais tradicionais da cidade, e se tornou advogado ao concluir o curso de direito da UFRJ, mas não tardaria em trocar o anel de doutor pelo futebol.

O craque foi formado pelas divisões de base do Botafogo. Com 209 gols marcados em 235 partidas, é o quarto maior artilheiro da história do clube, onde atuou até 1948. As histórias de Heleno de Freitas e do Alvinegro se confundem, e o preto e branco em que foi gravado o filme de José Henrique Fonseca, inspirado em Scorcese, aprofundam essa impressão.

No entanto, um dos maiores craques da história do clube, Heleno jamais foi campeão pelo Glorioso. Conquistaria o único Campeonato Carioca apenas em 1949, pelo Vasco, como parte do lendário Expresso da Vitória. Mas, entre uma equipe carioca e outra, foi vendido por General Severiano ao Boca Juniors, na maior transação do futebol brasileiro até então.

De São Januário, partiu para o Junior de Barranquilla, da Colômbia, onde foi campeão nacional e ganhou uma estátua, na qual está gravado um apelido tão singelo quanto imponente: “El Jugador”. No retorno ao Brasil, atuou pelo Santos e encerrou a carreira no América, quando já era uma caricatura de si mesmo. Pelo Diabo, Heleno fez sua única partida no Maracanã, que seria também a única pelo clube. Foi contra o São Cristóvão e os rubros perderam por 3 a 1. Acabou expulso aos 36 minutos do primeiro tempo, após uma falta dura. Uma despedida melancólica.

Se o talento era indiscutível, o comportamento trazia sérios problemas ao craque. Muitos criticavam sua arrogância e o desprezo pelos companheiros que julgava não estarem à altura de seu talento. Colecionou brigas e desafetos. O apreço pela bebida se tornou um vício e a fama realçava seus atributos naturais que já despertavam o interesse do sexo feminino. A vida boêmia e a promiscuidade fizeram com que abreviasse a carreira precocemente, aos 33 anos. Morreu sem dinheiro e esquecido em 1959, aos 39 anos, em um sanatório de Barbacena/MG, onde se internara anos antes, vítima de sífilis cerebral, que o deixou louco.

Com a poesia de quem dribla e a serenidade de quem busca o gol, o filme mostra bem o apogeu e a queda de um ídolo do futebol romântico. Personagem de um tempo recheado de atletas de personalidade forte, menos politicamente corretos do que hoje, mas mais humanos do que querem fazer crer a publicidade e as assessorias de imprensa.

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